Em seus 95 anos, a Frísia acompanhou e, muitas vezes, protagonizou transformações significativas no campo. Para estar em permanente crescimento, a cooperativa utilizou da sua experiência, lançando mão de tecnologias e sistemas de produção e gestão inovadores sem esquecer do que tem de mais forte: a união dos associados e colaboradores. No dia 1º de agosto, a Frísia comemora suas conquistas com o olhar no futuro, principalmente na geração de valor e tecnologia. Mesmo com todos esses anos de história, a cooperativa constantemente se reinventa, sem deixar de lado sua essência.
A Frísia é a cooperativa de produção mais antiga do Paraná, Estado que, ao todo, tem 216 entidades do sistema. No Brasil, é a segunda em existência. Em 2019, alcançou R$ 2,9 bilhões em faturamento, com 857 cooperados localizados em mais de 30 municípios na região Centro-Sul do Paraná e 16 municípios no Tocantins. Suas conquistas têm como base os valores Fidelidade, Responsabilidade, Intercooperação, Sustentabilidade, Integridade e Atitude (FRÍSIA).
O diretor-presidente da Frísia, Renato Greidanus, afirma que a cooperativa tem uma história muito rica. “No início, os presidentes que começaram a cooperativa tiveram muita dificuldade, mas com muita luta e trabalho conseguiram levar a cooperativa adiante. Sabemos que, para conduzir a Frísia nesses 95 anos, precisamos de um plano estratégico muito forte, que foi sempre pautado no compromisso, na ética e no trabalho. Temos até hoje o tripé que nos move sempre à frente que é a educação, a fé e o cooperativismo. E isso fez com que nós chegássemos aos 95 anos e continuássemos construindo essa história”.
Tradição
A história da cooperativa se funde à chegada das primeiras famílias holandesas que se estabeleceram na região paranaense dos Campos Gerais. Em 1925, 14 anos após o início do movimento de imigração, esses pioneiros desenvolveram o que pode ser considerada a primeira forma de inovação e empreendedorismo (de gestão e produção), ou seja, a iniciativa em criar uma cooperativa.
Na ocasião, sete sócios e uma produção leiteira de 700 litros/dia produziam manteiga e queijo que eram comercializados em Ponta Grossa, Castro, Curitiba e, posteriormente, em São Paulo. Foi a união de quatro fabriquetas que originou a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Lacticínios. Em 1928, essa sociedade deu origem à marca Batavo, que, em 1954, foi incorporada à Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL).
Em agosto de 2015, nos seus 90 anos, a Batavo Cooperativa Agroindustrial decide mudar sua denominação social para Frísia Cooperativa Agroindustrial, desvinculando-se do antigo nome em virtude de sua venda para o mercado varejista nos segmentos de carnes e lácteos. Sua história e essência permanecem as mesmas, bem como as estruturas, colaboradores e famílias de associados.
Inovação
Em 2019, a produção de leite da cooperativa alcançou 253 milhões de litros. Somadas a isso estão as 27.120 toneladas de carne suína; área cultivada de milho de 23.077 hectares na safra 18/19; 121.701 hectares de soja; 5.609 hectares de feijão; e 36.575 hectares de trigo.
A produtividade da Frísia, pela média das últimas três safras, de soja, milho e trigo é superior à do Paraná e do Núcleo Regional de Ponta Grossa (que engloba 18 municípios dos Campos Gerais). Já a unidade em Paraíso do Tocantins, também em 2019, cresceu 22% em recepção de grãos, com um total de mais de 70 mil toneladas entre soja e milho. No Tocantins, atualmente são 30 mil hectares cultivados por 64 cooperados.
Esses números só foram conquistados com planejamento e atitude da cooperativa ao longo dos anos. Cada passo dado foi previamente pensado, analisado, reunindo o que se tinha de melhor. A inovação se deu em várias frentes, como: desenvolvimento de um Planejamento Estratégico; análise e aplicação da melhor genética da bovinocultura leiteira; seleção e comercialização de sementes, com alto nível de germinação e adaptabilidade às regiões produtoras; produção de uma ração balanceadas e de qualidade; rastreabilidade de toda a cadeia suinícola, respeitando o bem-estar animal; equipes técnicas de alto nível; ser mantenedora da Fundação ABC, entidade referência em pesquisa e desenvolvimento da produção agrícola, fundada em 1984; e incentivo e investimento constante com foco na gestão das propriedades dos cooperados.
A inovação sempre buscada pela Frísia é reforçada com movimentos e caminhos que podem ser seguidos pelos associados e colaboradores. Mais recentemente, a cooperativa deu um salto representativo: o lançamento da Plataforma Digital Agro. A marca Digital Agro surgiu há quatro anos inicialmente com a feira. Nela, o que há de mais tecnológico, inovador e aplicável no agronegócio, digitalmente, é apresentado ao público, aproximando ainda mais o produtor das novidades. Em 2021, a feira acontecerá pela primeira vez fora de Carambeí, agora em Curitiba, chegando ainda mais próximo do consumidor final. A feira ocorrerá entre 13 e 15 de julho.
A plataforma ainda conta com outros três setores que impulsionam a busca por soluções de alto nível, gerando conexão entre uma série de movimentos. Sendo eles: o Digital Agro News, um site de notícias que levanta temas e apresenta soluções para os desafios do campo; o Digital Agro Connection, que seleciona startups para apresentarem respostas às demandas e sugestões de melhorias dos processos; e o Digital Agro Ideas, que reúne sugestões e ideias de colaboradores, cooperados, fornecedores e clientes.
A ExpoFrísia é outra marca da cooperativa. A feira reúne criadores e animais com alto padrão genético, reprodutivo e produtivo. Localizada no Parque de Exposições Frísia, em Carambeí (PR), sede da cooperativa, conta com julgamentos de animais, exposição de tecnologias para o segmento e a apresentação do Catálogo de Touros da Intercooperação, que aponta sugestões dos melhores animais. Esse evento promove a mesma evolução genética buscada historicamente pelos cooperados, assim como na década de 1940, que, com a chegada de novos imigrantes, realizou, entre outros processos, o aprimoramento genético na atividade pecuária. Na ocasião, houve a chegada dos primeiros gados puros da raça holandesa.
O diretor-presidente da Frísia destaca a importância do cooperativismo e das novas gerações para continuar esse trabalho. “Muito se fala hoje sobre a agricultura 4.0, mas também pensamos como será o cooperativismo 4.0. É algo que a gente precisa ter em mente, com novas gerações chegando, nossos filhos e nossos netos, que vêm com demandas e interesses diferentes, e enxergam o mundo de forma diferente do que a gente enxerga. Essa digitalização vai ser mais utilizada nas estruturas das cooperativas, de uma forma ou de outra, ou seja, na forma de você se conectar aos seus cooperados. Como a gente mantém esses laços com os nossos cooperados? Isso é um desafio para nós como cooperativa, é um desafio para as novas gerações. Manter a essência do sistema, de que nós não podemos nos distanciar. Precisamos nos manter próximos e pensar de forma conjunta”.
Cooperação
A base da Frísia é o cooperativismo. O trabalho, a união das forças e o compartilhamento dos resultados impulsiona a cooperativa a se tornar uma das maiores do Brasil. Ao longo dos anos, a Frísia produziu marcas próprias e do sistema de intercooperação Unium (que engloba cooperativas coirmãs também de origem holandesa). As marcas próprias são a Sementes Batavo, a Rações Batavo, a plataforma Digital Agro, a feira ExpoFrísia, a plataforma SuperCampo e o TRR Frísia, este voltado à comercialização de combustível. Como marcas da Unium estão as voltadas ao Moinho de Trigo (farinhas Herança Holandesa e Precisa), a Unidade Industrial de Carnes (da marca Alegra), das Unidades de Beneficiamento de Leite (com as marcas Colônia Holandesa, Naturalle e Colaso) e Energik (usina de bioenergia).
“Nós construímos esse legado buscando uma intercooperação, aonde a gente conseguiu retornar à agroindustrialização, tanto nas plantas de leite quanto na suinocultura; temos ainda o Moinho de Trigo, além de semente e rações. Temos várias unidades de negócio que dão suporte não apenas a nós cooperados, mas também ajudam a cooperativa a continuar a crescer. Isso é extremamente importante e estratégico para nós darmos vazão à nossa produção e também conseguirmos agregar valor a ela”, explica Greidanus.
A Frísia e seus associados carregam as premissas do cooperativismo em todas as ações. É o que acontece nesse período de pandemia da Covid-19, que reduziu fortemente a renda das famílias, sobrecarregou unidades e profissionais da saúde e impactou a economia do País.
Desde o início do isolamento social foram feitas doações para o poder público e entidades sociais no Paraná e no Tocantins, envolvendo máscaras respiradoras, equipamentos de proteção individual (EPI), material para entubamento de pacientes, álcool líquido e em gel, várias toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social e caminhoneiros, entre outros produtos. Além disso, mulheres cooperativistas confeccionaram milhares de máscaras, item que se tornou fundamental para o combate à propagação da doença.
Ao longo dessas décadas, a cooperativa conquistou diversos prêmios, seja pelas boas práticas e produtividade ou mesmo pela sua história. Mas dois deles representam a cooperação de todos por um resultado de qualidade para a sociedade e o meio ambiente. Em 2019, a Frísia conquistou o Selo Sesi ODS com o programa Coleta Legal (de recolhimento e correta destinação de resíduos veterinários de propriedades rurais), que contribuiu para o alcance dos objetivos e metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), para o Desenvolvimento Sustentável. Também ano passado a cooperativa foi premiada como Embaixadora da América Latina do Prêmio Mundo de Respeito, reconhecimento que aponta aquelas instituições que promovem cuidados e projetos em boas práticas agrícolas, meio ambiente, sustentabilidade e comunidade.
A Frísia chega aos 95 anos sem esquecer todo o caminho que a levou ao patamar atual, valorizando o trabalho e dedicação dos associados, colaboradores e familiares, mas com foco no futuro para continuar se reinventando e produzindo mais e melhor. “A cooperativa é uma sociedade de pessoas para pessoas. Sempre, dentro do modelo cooperativista, vamos ter pessoas envolvidas. Sejam nossos colaboradores, sejam nossos cooperados, seus familiares e toda a sociedade que está a nossa volta. Isso é o que nós sempre trabalhamos e continuará sendo a essência da cooperativa”, conclui Greidanus.