Sim. A liderança feminina precisa ser vista de maneira natural e como uma conquista pelo seu esforço e competência. A visão natural da ocupação de altos cargos, das conquistas precisa ser natural, para que consigamos nos acostumar com a vitória feminina. Atualmente, o cenário é bem diferente: a mulher tornou-se agente de mudanças e transformações, não só no setor do agronegócio, mas também em outras áreas que antes eram preenchidas pelo sexo masculino.
A participação das mulheres nos negócios e na renda das famílias é cada vez mais expressiva, e no setor agroindustrial não é diferente. As trabalhadoras têm se destacado em diferentes etapas do processo produtivo – apenas nos últimos 15 anos, cerca de um milhão de mulheres ingressaram em atividades rurais, segundo dados mais recentes do IBGE. Maioria entre os cargos de direção nas sete instituições de pesquisas de elite da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, elas também ocupam 52% dos cargos de pesquisadores e 52% dos cargos de servidores em geral, sejam eles cientistas, de apoio, administrativo ou de comunicação, por exemplo.
De acordo com as informações divulgadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, neste Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é importante lembrar que dentro dos laboratórios e campos experimentais ou levando o conhecimento para fora dos muros acadêmicos, as mulheres são fundamentais para o desenvolvimento e para avanço científico e tecnológico.
A coordenadora substituta da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Harumi Hojo, é uma das 693 servidoras do Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Instituto de Zootecnia (IZ) e APTA Regional. Formada em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (Esalq/USP) e com mestrado em Entomologia pela Universidade de São Paulo, Harumi é uma das lideranças da APTA e da própria Secretaria de Agricultura.
Filha de imigrantes japoneses, que vieram para São Paulo tentar uma vida melhor, Harumi viu no campo o exemplo para crescimento profissional e melhor qualidade de vida. Seus avôs e tios paternos se dedicaram as atividades rurais no interior paulista, em Marília, enquanto seus pais ficaram na cidade. “Apesar de crescer na cidade, sempre me interessei muito pelo trabalho no campo, como agricultores. Minha mãe mesmo contava que já havia colhido algodão”, afirma.
A história da família a fez se interessar em cursar Engenharia Agronômica na Esalq/USP e dentro da Universidade viu na entomologia uma área promissora de atuação. “Nos anos 80, se começava a falar mais de agroquímicos e sobre os resíduos nos alimentos. Achei uma área interessante de atuação e que me fez ingressar como pesquisadora no Instituto Biológico, em 1982”, conta. No Instituto, Harumi iniciou sua atuação desenvolvendo trabalhos científicos em manejo integrado de pragas e controle biológico. “Trabalhar nesses setores me fez ter uma atuação próxima dos produtores rurais. Sempre acreditei que as informações e tecnologias geradas na pesquisa não podiam ser guardadas, ficar dentro dos institutos. Precisamos levar esses resultados para quem precisa, para os produtores e para a sociedade”, afirma.
Mesmo que ainda exista preconceito e barreiras, as mulheres estão conquistando seus espaços, mostrando seu papel e sua importância fundamental no mercado de trabalho. Hoje, a a figura feminina deixou de ser coadjuvante e passou a ter destaque em decisões e cargos de liderança.