Ter eficiência na produção, saber gerir o negócio e produzir com qualidade: esses são pilares que provavelmente estão presentes nas rodas de conversa entre produtores de leite já que um item não existe sem o outro e a união dos três contribui para um resultado de primeira. Uma cooperativa leiteira que está em constante transformação e sempre visando melhorias nos itens apresentados acima é a Frísia, localizada em Carambeí/PR, que mesmo já tendo como base forte a gestão das propriedades, alcançou resultados ainda mais animadores com as ferramentas da OnFarm. Essa parceria foi a “cereja do bolo”, preencheu importantes lacunas e contribuiu ainda mais para deslanchar o negócio.
Hoje a Frísia produz algo em torno de 750 mil litros de leite/dia e é uma das cooperativas membras da intercooperação Unium, esta, que processa mais de 2,7 milhões de litros de leite/dia. Vale lembrar que a Unium é a união das cooperativas paranaenses Castrolanda, Capal e Frísia.
Segundo Jefferson Tramontini Pagno, Gerente de Negócios Bovinos da Frísia, hoje aproximadamente 300 produtores de leite integram a cooperativa. “Trabalhamos com assistência técnica na área de nutrição e os médicos veterinários são parceiros contratados que trabalham junto aos cooperados, porém, o nosso maior know how é a gestão das propriedades. Além disso, a redução de custos, a eficiência alimentar dos animais e a qualidade do leite são pontos fortes a serem ressaltados. E foi por conta do último ponto citado – a qualidade do leite – que buscamos a parceria com a OnFarm. Os resultados obtidos foram impecáveis e assim, conseguimos nos manter na vanguarda da produção de leite brasileira. Sempre estamos de olho no futuro e inovamos sem perder a essência e a tradição leiteira”.
A parceria entre a Frísia e a OnFarm iniciou por meio de três propriedades piloto para que a ferramenta fosse testada e ajustadas as informações para a realidade da cooperativa. “Nós nos unimos à OnFarm desde que ela foi lançada no mercado e continuamos expandindo os serviços. O impacto financeiro é bem nítido principalmente por conta da redução dos tratamentos que, em boa parte das vezes, nem são necessários. A tecnologia é importantíssima também porque enxuga os custos e os riscos de enviarmos antibiótico para o tanque, contaminando o leite”, acrescentou o coordenador.
Confira abaixo a figura 1 que apresenta os resultados de uma amostra de 17 cooperados da Frísia após o uso racional de antibióticos. Das 8274 vacas detectadas com mastite clínica, 98% apresentaram casos leve e moderado e apenas 2%, casos graves. Como em 48% desses animais (3995 vacas) não houve crescimento da cultura microbiológica, eles não foram tratados, contribuindo para a redução no descarte de leite e economia no uso de antibióticos.
E como ‘roda’ a Frísia hoje?
O médico veterinário da equipe técnica Frísia, Fabiano Koerich Vieira, explicou que além dele, outros dois médicos veterinários dão auxílio aos cooperados na área de qualidade do leite. “Nós acompanhamos os índices zootécnicos pelo controle leiteiro e disponibilizamos um software para os cooperados que têm interesse de utilizar e fazer os lançamentos zootécnicos. Também temos um BI (Business Intelligence) que organiza os relatórios e nos oferece uma visão de como estão os resultados da fazenda. Este BI une as informações dos programas zootécnicos com os dados do controle leiteiro e produção”.
Ele esclareceu que são vários os perfis de cooperados da Frísia. “Temos perfis que produzem 200 litros/dia e outros, 80 mil litros/dia. Dentro dessa faixa, são vários os sistemas de produção e tecnificação, mas, o principal gargalo está no custo de produção, este, que está muito elevado”.
Gestão: fiel aliada dos cooperados Frísia
De acordo com Tanaane Ienk, médica veterinária da equipe técnica de qualidade do leite da Frísia, é por meio da padronização dos processos operacionais, definição da rotina, identificação das causas raízes e método para solução de problemas que são alcançados os melhores resultados na qualidade do leite.
“O projeto Frísia+Lean, em parceria com a Clínica do Leite, iniciou no ano de 2016 com o objetivo de auxiliar as propriedades na gestão dos seus resultados e redução da rotatividade de funcionários dentro das propriedades. Hoje todos os técnicos da Frísia são capacitados no modelo lean e o objetivo é auxiliar os produtores a implantar as ferramentas dentro da fazenda”, acrescentou ela. O programa estabelece diretrizes para administração das propriedades, levando em consideração princípios de qualidade e motivação de equipe.
Nessa linha, Tanaane acrescentou que o modelo de cultura na fazenda proposto pela OnFarm vem de encontro com a gestão já que auxilia na tomada de decisão do produtor e na escolha de em qual animal a mastite deve ser tratada. “A ferramenta é simples e permite que o produtor reduza custos e otimize a mão de obra. Quando temos o resultado em mãos fica mais fácil e rápido decidir o melhor caminho a ser tomado”.
Mastite: um problema recorrente dos cooperados
Para Leonardo Moreira Sviercoski, médico veterinário e um dos técnicos responsáveis pela área de qualidade do leite da Frísia, a mastite é um problema recorrente dos cooperados.
“Tanto a clínica como a subclínica geram prejuízos econômicos ao produtor. A nível mundial, é a principal doença de impacto financeiro das leiterias, mas, para cada uma delas, o efeito é diferente. Há fazendas com desafios maiores, e outras, com menores, mas todas com potencial de melhorias. O manejo da mastite é contínuo na fazenda e por isso não podemos relaxar, é diária a verificação, o monitoramento, a avaliação, revisão e os cuidados. Sem dúvida o impacto da OnFarm foi gigantesco e extremamente positivo, principalmente em alguns pontos: uso racional de antibióticos, economia com relação ao leite que deixou de ser descartado e agilidade no manejo a ser tomado já que o resultado da cultura microbiológica fica pronto em 24 horas. Os benefícios disso tudo extrapolam o campo e recaem também sobre a indústria e os consumidores”.
Antes da chegada da OnFarm, alguns cooperados já trabalhavam com a cultura na fazenda por meio de laboratório comercial ou laboratório próprio. Entre algumas dificuldades, esse sistema era caracterizado pelos altos custos, fato que acabava o restringindo a produtores maiores.
“Depois que a OnFarm chegou, ficou fácil resolver essa questão, sendo possível de ser utilizada a ferramenta em todos os perfis de produtores. Antes, os que não usavam o esquema de cultura, como não obtinham a informação rápida, acabavam tomando a decisão de tratar todos os animais. Os protocolos eram direcionados aos casos que apresentavam mastite, mas não necessariamente a casos que não tinham crescimento ou agentes que não precisavam de antibióticos em si. Como não existia essa informação, se tratava todo o lote. Na época, não tínhamos a noção do impacto financeiro que isso poderia gerar. Enxergo que temos potencial de angariar mais produtores aptos a decidirem se realmente a vaca necessitará de antibioticoterapia. Essa história mudou a visão da cooperativa completamente”.
A adesão dos cooperados foi lenta e como dito anteriormente, alguns iniciaram com um projeto piloto. Os produtores foram se tornando mais seguros com a solução da OnFarm quando passaram a notar que se eles não tratassem determinados animais os mesmos não morreriam ou se não usassem o antibiótico, o quadro daquela vaca não pioraria.
“Com a orientação das equipes da Frísia e da OnFarm, essa situação foi gerando confiança nas fazendas, agilizou o processo de tratamento desses animais e liberou o leite deles para o tanque. A princípio, houve dificuldades para que as fazendas entendessem os benefícios, mas depois, a informação passou a ser difundida entre os próprios produtores que usavam a cultura e a busca pelos cooperados passou a crescer de maneira espontânea”, completou. É interessante destacar que os cooperados da Frísia atualmente fazem as suas análises em laboratórios individuais.
Leonardo ainda reforçou que um dos desafios é mostrar ao produtor o real impacto que um leite de má qualidade ocasiona. “Não só pela bonificação que impacta na rentabilidade, mas, porque alguém irá consumir esse leite. Não devemos nos esquecer do elo final que são os consumidores”.
Ele disse que o olhar para dentro da propriedade passou a se voltar mais à padronização de processos, às pessoas e não apenas para as vacas. “É óbvio que elas são importantes, mas o todo não depende só delas darem o leite, alguém precisa tirá-lo. Ou seja, dependemos das pessoas e dos processos para que as vacas expressem todo o seu potencial”, concluiu.
Fonte: Assessoria On Farm